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Entrevista São Paulo, 23 de maio de 2017
ENTREVISTA - Nazaré Teixeira, de Osasco: 
"Não é difícil ser dirigente, basta ser honesto"

A experiência como sindicalista, somada ao conhecimento, faz de Nazaré um militante combativo e atuante

O entrevistado de hoje deu uma grande aula de história ao falar sobre sua trajetória como genuíno sindicalista por quase toda a sua vida profissional. Nossa equipe de comunicação foi até o Sintrasp - Sindicatos Servidores Públicos Municipais de Osasco e Cotia - para conhecer um pouco da trajetória de vida e bater uma papo com o 1º vice-presidente da entidade, Nazaré Fernandes Teixeira.

Aos 66 anos de idade, Nazaré conheceu de perto a censura e os "porões" da ditadura brasileira em um período em que a mobilização, não só sindical, mas de qualquer outro segmento, era violentamente reprimida. Ele fala também sobre a conjuntura política e os ataques aos direitos conquistados pelos trabalhadores. A entrevista está imperdível. Vale muito a pena ler e compartilhar.

CONFIRA NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA COM NAZARÉ

Nazaré Fernandes Teixeira é um dos ícones
do sindicalismo de Osasco. Participou da organização de movimentos pelo setor
1) Nazaré, qual é a sua formação e como adquiriu o vasto conhecimento que tem?
Tenho o segundo grau completo. Mas toda minha vida me dediquei à leitura. Tenho um acervo de cerca de três mil livros. Muitos deles são verdadeiras raridades e não gosto nem de emprestar (risadas). A leitura desenvolve muitas habilidades, como a melhora no vocabulário, e expande o poder de reflexão. Isso é algo que todos podem fazer para adquirir conhecimento.

2) Tem algum autor ou obra que deseja indicar?
Eu indico todo tipo de leitura. Com 16 anos já havia lido grandes clássicos como Dostoiévski. No Brasil, temos excelentes obras que contam um pouco da história do movimento operário, pois é muito rica. Esse tipo de material contribui para forjar um dirigente sindical mais consciente de suas obrigações. Mas acho que todos podem ler Marx, Edgar Rodrigues, enfim, os grandes clássicos. Na prática, a leitura é fonte de conhecimento.

3) Como iniciou o envolvimento no sindicalismo?
Foi naturalmente. Mas naquele tempo, por conta da repressão, não era um movimento sindical, era de forma residual, a participação de alguns operários que tinham militância em outras entidades e atuavam na fábrica de forma muito precária. Na época, trabalhava na indústria metalúrgica, a Cimafe, uma empresa da região. Para se ter uma ideia, a entrega de materiais para se comunicarem era feita escondida, no banheiro.

Naquele período, havia uma efervescência subterrânea, de porão para essas práticas. Aqueles que tinham mais formação política buscavam de alguma maneira se organizar, pois os Sindicatos estavam sob intervenção e não se tinha direito a absolutamente nada, a imprensa era censurada. O pessoal que sobreviveu à luta armada, militava clandestinamente e fazia um trabalho de base bem restrito. Como sempre tive contato com essas pessoas mais experientes acabei me envolvendo.

4) Qual a diferença entre o sindicalismo praticado naquela época e o atual?
Hoje é completamente diferente. Vivemos em um País democrático. Vivi o período de efervescência de Osasco, que na época era conhecida como um reduto das organizações e polo operário combativo. Sofríamos com a forte repressão. Agora, o trabalhador e entidades têm liberdade de lutar pelo que acham certo e não perdem suas vidas, como acontecia. Foram tempos muito complicados.


Participativo e atuante, o primeiro vice-presidente do Sintrasp é completamente engajado com o serviço público

5) Na sua opinião, qual é o papel do dirigente sindical?
Não é difícil ser dirigente, basta ser honesto e decente. Uma palavra que resume minha vida é compromisso. O que o sindicalista precisa ter é lado, o do trabalhador. Sindicalismo não é um emprego, um departamento burocrático, é militância. Para fazer um bom trabalho é preciso ter tesão no que faz. O dirigente precisa manter contato permanente com a categoria, realizar assembleias, cobrar o patrão e fazer sua parte. É esse papel que se espera do Sindicato e dos dirigentes. 

6) Como e quando entrou para o serviço público municipal?
Tive uma passagem na cidade de Betim, em Minas, na Companhia Siderúrgica, ocasião em que ajudei a reativar o Sindicato. Quando voltei para Osasco, retornei para o Ceagesp, onde já havia trabalhado e fiquei mais um tempo. Ao sair de lá, um companheiro me convidou para tentar uma vaga na Prefeitura como Eletricista, na época entrei pelo Regime Administrativo, conhecido como RA. Fiquei por quatro anos nesse regime e em 1994 passei num concurso público e me tornei estatutário.

7) Qual sua avaliação sobre os ataques aos direitos dos trabalhadores?
Infelizmente, não houve a consolidação dos movimentos populares quando se teve a oportunidade. Por mais de uma década tiveram essa chance, mas parece que se acomodaram. Também avalio como uma luta permanente de classes, causada por divergências. Ao longo da história, foi eleito um operário para presidente e isso incomodou muitos. Hoje, essa outra fatia luta para reverter essas conquistas em detrimento do trabalhador. A própria Previdência é uma conquista com anos de luta.

8) O que acha da aprovação da terceirização na Câmara?
Primeiro que isso precariza e acaba com um sonho de ascensão dentro de uma empresa. O funcionário já entra sabendo que não tem possibilidade de conquistar um cargo melhor. Além disso, traz a dificuldade do trabalhador se organizar, ele não sabe se faz parte de uma categoria e nem
sabe onde se sindicalizar. Acaba não se filiando e nem participa das lutas e eleições da entidade.
É parte de uma política do liberalismo econômico, que deixa a cargo do mercado. É uma luta de classes distintas, e os que votaram a favor representam o posicionamento daqueles que eles representam, fazendo um jogo em favor dos empresários e banqueiros. Quem perde é o trabalhador.


Nenhuma limitação impede o companheiro de desempenhar um importante papel em prol do Servidor público

9) Quais os principais instrumentos de embate dos Sindicatos?
Tudo é permeado por uma linha de equilíbrio. O diálogo pautado em metas objetivas é fundamental, mas sem abrir mão de uma certa dose de pressão. Por exemplo, a greve é um instrumento tão rigoroso dos trabalhadores e que não pode ser banalizado de forma alguma. Quando ocorre uma greve deliberada por meia dúzia de "gato pingado", você desacredita esse instrumental. É preciso ser usada com equilíbrio e coragem. Por isso, a conduta exemplar de um dirigente sindical e parcial.

10) Que mensagem quer deixar para os Servidores e dirigentes do País?
Acreditem no sindicalismo e em suas entidades representativas. Para ganhar uma luta é necessário o senso de unidade, pois ele é quem alicerça nossa força e faz com que conquistemos nossos objetivos. Vamos agir com inteligência e estratégia e nunca se vender para o sistema patronal. Estamos todos do mesmo lado companheiros, e a união do funcionalismo sempre faz a diferença.

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