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Entrevista São Paulo, 19 de janeiro de 2016
ENTREVISTA - Rubens, São Vicente: "O caos está generalizado para todos os trabalhadores"

Romão discursa frequentemente para os mais variados públicos. Sua experiência é reconhecida pela categoria

Dando continuidade ao nosso quadro de entrevistas, teremos a honra de contar com o depoimento de verdadeiros guerreiros do funcionalismo do Estado de São Paulo e aproveitaremos não só para conhecê-los de perto, mas também para utilizar suas histórias de lutas como exemplos positivos para os novos sindicalistas.

Essa semana, o entrevistado Rubens Romão Fagundes que é tesoureiro do Sindservsv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Vicente) e secretário-geral da Federação, nos expôs seus principais anseios para o ano que se inicia e dividiu com nossa equipe parte de sua experiência na batalha em prol dos trabalhadores do setor público.

Desde a sua carreira como Professor municipal, o dirigente sentiu na pele os limites entre respeito e abuso de poder do sistema patronal - realidade vivenciada até os dias de hoje na cidade em que atua e em diversos municípios do País. Confira na íntegra a entrevista do diretor que não atém-se somente aos problemas da categoria uma vez que "o caos está generalizado para todos os trabalhadores". Vale a pena conferir!

Mais de 30 anos no serviço público não limitaram Rubens a olhar somente para um setor. Trabalhadores de todo o Pais têm o seu respeito
1) Como ingressou no serviço público?
Em 1985 me tornei Servidor, entrando para a área da Educação já que era Professor. Em São Vicente, nesta época, o trabalhador do setor não só era desvalorizado como não tinha voz para reclamar com as autoridades. Os professores se queixavam muito das péssimas condições de trabalho, da carga horária excessiva e dos exorbitantes números de alunos por sala de aula, além da carência de recursos.

2) Foi diante desses problemas que iniciou seu contato com o sindicalismo?
Exato. Trabalhamos da melhor maneira possível até 1988, até que a Constituição Federal aprovou a formação de organizações dos Servidores públicos em Sindicatos. Participei já deste primeiro grupo que fundou o Sindicato de São Vicente e não parei mais. Tinha consciência de que seria uma luta sem fim, mas que buscaria soluções justas para os trabalhadores.

3) Comente o que encontraram nessa época. Como o funcionário público era tratado?
Falo com propriedade da situação caótica dos professores, mas não me restrinjo a essa classe. O setor público em geral estava uem crise e seus colaboradores beiravam a revolta. O descontentamento se alastrava pela cidade e a criação de instituições representativas já se fazia necessária há muito tempo. Não contávamos com estatutos e nem leis que realmente beneficiassem a categoria ou quaisquer classes de trabalhadores. Foi um trabalho muito delicado e difícil de se iniciar.

4) Quando enfim criaram o Sindicato, a aceitação foi imediata e o trabalho bem aceito?
De maneira alguma. Embora os Servidores já acompanhassem e participassem de nossas mobilizações, demorou certo tempo para ganhar o respeito e a confiança de todos. Eles temiam por demissões em massa e pelas diversas formas de represálias que os administradores já executavam. Depois de alguns meses conseguimos nos aproximar mais dos trabalhadores e mostrar a seriedade da entidade para defendê-los. Hoje posso dizer que a confiabilidade se multiplica a cada dia.


A Federação conta com o seu olhar crítico e detalhista para organização e prestações de contas aos filiados

5) A Administração, por sua vez, teve que tipo de postura?
Legalmente eles foram obrigados a nos engolir e a nos receber para negociações e para debater solicitações diversas da classe. Em contrapartida, nossa comunicação era fragilizada e ainda hoje encontramos bloqueios imensuráveis para acordar o que quer que seja. Hoje o Servidor conta com uma entidade representativa que o defende, porém a péssima Administração gera injustiças inaceitáveis que por consequência geram mobilizações e batalhas da categoria contra os abusos dessa gestão. Os conflitos nunca cessaram.

6) Cite algumas batalhas que marcaram a sua carreira.

Tivemos inúmeras. Lembro-me de uma paralisação na década de 90 que durou mais de 30 dias. Precisamos chegar a esse nível para garantir direitos básicos para o trabalhador. Enfrentamos as autoridades com afinco e não nos deixamos intimidar pela força do patrão. Infelizmente não tivemos o desfecho que esperávamos e nem todas as nossas reivindicações da época foram atendidas, porém crescemos como instituição e progredimos.

7) Quais consequências dessa ação você considera ruins?
Fomos massacrados por todos os lados e, como nessa época não contávamos com leis que defendessem o Servidor, sofremos represálias das mais diversas formas, incluindo demissões de todos os participantes que tivessem menos de 5 anos de contrato - mais de 30 na época. Inclusive fui um deles, mas não me desisti: prestei concurso novamente e em pouco tempo lá estava eu: de volta ao funcionalismo e à frente da batalha.

8) Acredita que esse tipo de abuso ainda ocorra?
Veja bem, hoje se o gestor fizer esse tipo de coisa, demitindo o funcionário que participa de atos reivindicatórios injustamente, a Constituição defende o trabalhador de acordo com as leis de direito de greve. Leis que embora não sejam tão precisas, só foram efetivamente consideradas a partir de 1993. Conseguimos nessa época a garantia de anistia aos grevistas demitidos em São Vicente e a reintegração ao serviço público, mas sabemos que as autoridades, de todo o País, sabem articular novos meios de coação.

9) O que mudou desses anos para cá?
A representatividade, a organização do trabalhador e sua coragem de enfrentar o sistema patronal de frente, por meio de mobilizações no geral. Claro que as entidades deram vida a essa resistência - entidades essas que se fortificaram ao longo dos anos até os tempos atuais buscando acertos na legislação e seu respaldo para defender a categoria. O poder de negociação trouxe inúmeros avanços para o setor e nossa comunicação melhorou tanto que hoje conseguimos nos expor de maneira transparente e produtiva.


Romão arregaça as mangas sempre que acionado: seja para eleições, reuniões da operativa ou ações diversas

10) Como conquistar mudanças na legislação para beneficiar o Servidor?
Entenda bem, não é só o trabalhador do setor público que precisa da renovação das leis, que o tragam benefícios e melhores condições. No Brasil é comum acompanharmos casos de abuso no ambiente laboral, por parte de lideranças despreparadas e desrespeitosas. É por isso que reforço minha opinião, de que as leis precisam sofrer inúmeros ajustes para que essa situação se modifique em todo o País. Nossa categoria ainda foca no direito de greve e acreditamos que, aos poucos, vamos modificando muita coisa e aprimorando, ao menos, nossas negociações.

11) Em sua cidade, quais os principais abusos sofridos pela classe?

Nós estamos em um lastimável "pé de guerra" com a Administração e sequer conseguimos manter as soluções negociadas e acertadas com eles. O pior é que são coisas que nem precisávamos pedir, uma vez que o direito ao salário e aos benefícios é acordado antes mesmo de se assinar o contrato. São direitos básicos e de suma importância. Os Servidores de São Vicente têm enfrentado atrasos e escalonamentos dos pagamentos há meses e apesar das inúmeras reuniões para negociar, a Prefeitura não consegue normalizar esse quadro e nem mesmo cumprir prazos. É por esse motivo que nosso direito de greve se faz fundamental. Somente com ela a categoria consegue ser ouvida e respeitada, mesmo que gradativamente.

12) Comente as principais vitórias da atual diretoria da entidade.
Acredito que não só nossa entidade, mas todos os Sindicatos da categoria comemoram a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários. Nós conquistamos e infelizmente, sabemos que muitos ainda estão correndo atrás desse direito. A reestruturação do Magistério também é comemorada por nós. Conseguimos que vários cargos deixassem de ser ocupados por indicações políticas, garantindo esses preenchimentos por quem realmente fizesse por merecer. O que melhorou consideravelmente até a qualidade do ensino.

Depoimento
Quero deixar meu apelo não só aos Servidores, mas para todos os trabalhadores brasileiros. Peço que se mantenham firmes diante da crise econômica atual, e que não se deixem amedrontar. Precisamos nos unir para sanar injustiças e não podemos admitir que a péssima gestão e organização dos gestores afete covardemente o bolso do empregado. Unam-se às entidades representativas, mantenham-se informados sobre todas as ações da categoria e atuem diretamente nestes problemas que afetam a todos. Vamos defender os seus direitos, mas a causa perde sentido se não estivermos em contato com você.

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Engajado nas melhorias, o dirigente consegue enxergar e articular avanços para mulheres do serviço público

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