Modelo econômico neoliberal do governo Bolsonaro aprofunda crise no país

Modelo econômico neoliberal do governo Bolsonaro aprofunda crise no país

A análise de que a crise vai continuar foi feita pelo pesquisador e professor de economia da Unicamp, Marcelo Manzano, que critica as decisões do governo de Jair Bolsonaro (PSL) em manter a austeridade fiscal da Emenda Constitucional 95 (PEC do Teto), que limita os gastos públicos, e a de aprofundar o desmonte das estatais motoras do desenvolvimento, como a Petrobras.

Ele também critica a retirada do protagonismo dos bancos públicos como principais instrumentos de investimentos e de crédito mais barato e a reforma da Previdência, que vai prejudicar os mais pobres e necessitados do país, retirando de circulação da economia R$ 1 trilhão em dez anos, como anunciou o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes.

Marcelo Manzano se baseia na projeção do crescimento para este ano do Produto Interno Bruto (PIB), de fevereiro, que caiu de 2,48% para 2,3%, de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central (BC).

Segundo ele, o mercado financeiro já vem projetando um crescimento até menor do que o do BC, não passando de 1,5%.

“Assim que Jair Bolsonaro foi eleito, projetava-se um crescimento de 3% do PIB. Em três meses de governo, o entusiasmo do mercado financeiro caiu pela metade”, analisa.

Para ele, crescer apenas 1,5% é muito pouco para um país que vem de uma recessão de 8,2% do PIB (2014/2016), e que avançou apenas 3,4%, nos últimos dois anos (2017/2018).

“Quando Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda, adotou este modelo neoliberal de austeridade fiscal o PIB caiu 3,5%. Após o golpe de 2016,que retirou Dilma Roussef da Presidência, ainda tivemos a PEC do Teto, que limitou os investimentos públicos e a reforma Trabalhista, implantadas por Michel Temer e a economia travou. Austeridade fiscal é uma forma equivocada de combater a crise. A falta de investimentos tira o impulso da economia”, diz Manzano.

Marcelo conta que o atual governo vem adotando a mesma fórmula ortodoxa que já se demonstrou ineficaz. Ao contrário do que fez o ex-presidente Lula na crise econômica mundial de 2008, quando utilizou recursos públicos para investimentos e o país saiu, em 2009, de um PIB negativo de 0,5% para um crescimento de 7,5%, já no ano seguinte.

“Com o governo Bolsonaro a expectativa é a mesma se ele manter o receituário de Joaquim Levy, o de esperar que o setor privado ocupe o lugar do Estado e faça os investimentos necessários. Os empresários não vão fazer isso só porque o governo dá demonstração de que não vai gastar”, afirma o economista.

É conto da carochinha que empresário vaiinvestir. Ele investe quando há demanda e sem dinheiro em circulação,sem investimento do governo não há demanda- Marcelo Manzano
O professor da Unicamp ressalta ainda que é preciso não “demonizar” o Estado e achar que a iniciativa privada vai ocupar o espaço do governo e resolver a crise econômica, como defende Paulo Guedes.

Ele conta que a história já demonstrou isso. Aconteceu durante a recessão de 1981/1983, quando o PIB recuou 8,5% e a atividade cresceu 11,7%, nos dois anos seguintes àquele período. A recessão foi superada graças às exportações do país incentivadas pelo governo, que já vinha investindo desde a década de 1970. O mesmo aconteceu na recessão de 1989/1992. Dois anos após a contração de 7,7%, a expansão foi de 8,4%.

Manzano explica que o que contou para a recuperação da economia naquela época, foi zerar a inflação, que chegava a 50% ao ano, com a criação do Plano Real.

“Ao derrubar a inflação você aumenta a renda dos assalariados, há um ganho real e uma expansão da economia”.

Para ele, o governo Bolsonaro ao cortar a renda do trabalhador e do aposentado não vai conseguir tirar o país da crise econômica. Marcelo Manzano se refere às sinalizações do governo de que, se aprovada a reforma da Previdência, o reajuste da aposentadoria não terá o mesmo índice do salário mínimo e o novo cálculo do benefício vai diminuir o seu valor.

Fonte: Mundo SIndical

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